24 de agosto de 2010

Celebridades no horário eleitoral: o que você perde com isso?


Eis o bom e o ruim do estado democrático representativo: em época de eleição, qualquer pessoa pode se candidatar para cargos no executivo e legislativo desde que seja filiada a um partido. Portanto, neste ano, desfrutamos de candidaturas para deputados/as estuadais e federais como as das mulheres Pera e Melão, Tiririca (com o slogan "pior que está não fica"), KLB, Reginaldo Rossi, Tati Quebra-Barraco e antes, o Clodovil, agora Ronaldo Esper.

Outro fato que chama atenção nestas eleições é a criatividade das campanhas de televisão de alguns candidatos. Veja o exemplo abaixo:


Evidentemente estes fatos dialogam: celebridades achando que a política é um caminho possível e o espetacular nas campanhas de televisão.

Somos parte de uma sociedade anestesiada pela bizarrices: nossos programas de humor na televisão ridicularizam o diferente e dão visibilidade ao mundo cão. Além disso, somos bombardeados com filmes publicitários que vendem absolutamente qualquer produto com apelos ao desejo: o desejo de ser desejado, o de ser exclusivo possuindo o que o outro não tem, o desejo de fazer parte de um grupo seleto. São incríveis estes anúncios na forma em que mobilizam nossos sonhos inconscientes mais íntimos - merecem um outro post.

Somado a isso, a mídia nos diz todos os dias que a política neste país não é séria. E repetimos isso como frase de efeito em qualquer esquina e botequim: "só tem ladrão", "é um absurdo", "não gosto de política", "política não se discute". Ou seja, acreditamos que política não é para nós.


Mas, e aí  é que está: algumas celebridades-doshowbiz-mundocão acham que a política é para elas. Ou seja, aproveitando da fama, do fato da população não gostar de política e da anestesia do nosso gosto estético, estes famosos nos mostram que nós não devemos participar da esfera pública de discussão dos rumos do país, isso não é importante, isso não é sério, não tem consequências. Antes, é melhor, se divertir com a campanha eleitoral na TV que difere pouco do horário comercial.


Há também um outro grupo social que acha que a política é para eles: os banqueiros, as empreiteiras, as famílias poderosas, a igreja, a grande mídia. Enquanto nos distraíamos com o confete e os jingles destas tais celebridades, são estes jogadores que dão uma importância imensa a política.

E, assim, tal qual um bom mágico que chama atenção para os efeitos especiais do outro lado do palco enquanto suas mãos agilmente preparam o truque, os que acham que política é algo sério, rende-milhões-muda-vidas-de-famílias-e-de-empresas,  nos distraem com o show de horror do horário eleitoral.

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