29 de julho de 2010

Diálogos com adolescentes


Ela, 12 anos. Ele acabou de completar 14.
Pergunto se estão namorando alguém:
– Não
– Não
Ah... e ficando com alguém:
– Não
– Não
– Se ela ficar com alguém, eu capo o cara.
Não contenho o riso. E só agora percebo que esqueci de contar que os dois são irmãos.
– Ah! Mas então no ano que vem ela vai poder ficar, já que você está na oitava série e já fica.
Ele espera um tempo e contra-argumenta:
– Não. Porque é diferente com menina.
Todos os meus alertas vermelhos piscando:
– Diferente como?
– Se ela ficar ficando ela vai ser chamada de puta.
Ela decide participar da conversa:
– É. E não existe “puto”.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nossa q legal :)

Anônimo disse...

não entendi... ela diz que não existe "puto" num tom de indignação, tipo: ah! é? e vc fica e não é "puto"???
ou concorda com ele, no sentido de que sim, ela não pode ficar pq seria "puta", mas ele pode pq "puto" não existe???
ai que medo da resposta!!!

Anônimo disse...

ah! fui eu quem não entendeu a piada, tá?
bises,
w

Daniele Ricieri disse...

Pois é, W! O pior cenário está correto: ela concorda com o irmão.
Achei bacana a sua dúvida. Uma amiga minha ficou com a mesma dúvida e foi ali que me dei conta de que o texto abria esta interpretação também: de que ela poderia ter respondido de modo indignado. Mas, na verdade, e infelizmente, ela concorda com o irmão e já defende um discurso no qual ela só tem a perder.